Hei-de voltar a cantar as mesmas canções,
dançar com um abismo em cada pé,
deixar que tudo rodopie num frenético ciclorama,
que a saudade se dissolva na chuva de frames,
no soalho,
na simétrica euforia d'eu comigo,
o corpo atado pela sua solidão,
atol coruscante num transe sintético que desata os cinco sentidos,
as cinco saídas de emergência,
hei-de dançar com pés e cabeça,
pião lançado na pista a rodopiar no rescaldo dum inferno
com um copo de vinho na mão
e a vida toda
em contramão.
Fernando Luís Sampaio
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